Retração na economia marca resultados do primeiro trimestre

Retração na economia marca resultados do primeiro trimestre

A divulgação dos dados trimestrais do Produto Interno Bruto pelo IBGE no dia 30 de maio atestou a piora nas contas nacionais, indicando um recuo do crescimento da economia em 0,2% comparado ao último quartil do ano passado, como mostra o gráfico em destaque (Q1/2019 e Q4/2018). Quando comparado ao mesmo período do ano passado (Q1/2018), o crescimento do PIB demonstra queda de 0,4%. A economia, que mantinha um ritmo de crescimento desde o último trimestre de 2017, tem revertido essa tendência e desacelerado o crescimento da economia nos últimos seis meses.

A agropecuária, que puxou o crescimento das contas nacionais com altos índices em 2017, passou por 2018 com uma redução drástica de crescimento de 12,5% no Q4/2017 para 0,1% no Q4/2018, mas tem retomado esse crescimento a passos lentos. A taxa acumulada de variação do PIB trimestral (sem ajuste sazonal) mostra que houve aumento de apenas 1% do crescimento agrícola no primeiro trimestre de 2019.

A indústria, no geral, está estagnada refletindo o cenário empresarial do país. Enquanto a indústria extrativa recuou seu crescimento em 0,4% (nota-se o impacto do desastre ambiental da Vale e das novas auditorias para regulamentar as barragens), a indústria de transformação retraiu o crescimento em 1,2%. Tal retração pode ser explicada pela percepção empresarial ao risco de investimentos, devido ao contexto de incerteza política, que impactou numa redução em 0,4% do crescimento da Formação Bruta de Capital Fixo.

O setor de construção civil segue com taxas de crescimento negativas, indicando retração de 2% na construção civil de obras públicas, segundo os dados do PIB por setor. Por outro lado, a conjuntura de mercado indica uma piora na iniciativa privada na construção residencial e comercial. 

O setor de comércio, que vinha sendo o motor da economia, também sofreu redução do crescimento em 1%, em grande parte explicado pela queda de 0,4% no consumo das famílias em relação ao trimestre anterior. Comparativamente ao mesmo período do ano anterior, a demanda por bens e mercadorias se reduziu em 0,8%, enquanto a demanda por serviços refletiu em uma redução do crescimento do setor em apenas 0,1%.

O gráfico abaixo mostra a relação entre as taxas de crescimento do consumo das famílias e o consumo do governo. O crescimento do consumo das famílias, que já vinha diminuindo desde meados de 2018, foi então acompanhado por uma retração no consumo do governo nesse primeiro trimestre.

Enfim, os dados divulgados do PIB do primeiro trimestre do ano mostram uma retração nos setores chaves da economia. Uma combinação de ineficiência governamental administrativa e política e a consequente redução do índice de confiança do mercado propiciaram a piora nas contas nacionais.

Produzido por Ana Cecília Diniz.

Belo Horizonte, 11 de junho de 2019.