Queda de confiança do empresário e do consumidor

Queda de confiança do empresário e do consumidor

As expectativas têm um papel importante na economia. Da perspectiva da oferta, elas influenciam a decisão de produção feita pelos empresários. Já do lado da demanda, elas afetam as decisões de dispêndio e de poupança dos consumidores. Por essa razão, indicadores de expectativas contribuem para uma visão acerca dos rumos que a economia irá tomar no futuro. Um exemplo deles, o ICEI (Índice de Confiança dos Empresários Industriais), é elaborado através de questionários que buscam captar como os empresários percebem as condições atuais de sua empresa e da economia brasileira – se pioraram, melhoraram ou não se alteraram – e também como estão as expectativas – se são pessimistas, otimistas ou se projetam um cenário sem mudanças.

A divulgação do resultado do ICEI para maio de 2019 revela a quarta queda consecutiva da confiança dos empresários industriais, que vem acontecendo desde fevereiro deste ano. O índice, que apresentou significativo crescimento ao longo do segundo semestre de 2018 partindo de 50,20 em julho e chegando a alcançar 64,70 em janeiro, atinge agora em maio o patamar de 56,50. Buscando capturar as expectativas do empresariado de forma mais ampla, o BTG Pactual promoveu em abril uma grande pesquisa englobando representantes de diversos setores da economia: serviços, comércio, indústria e agricultura. Ao serem questionados, 51% dos empresários entrevistados declararam que acreditam que a situação econômica do país no prazo de 6 meses será boa ou ótima.

Já do ponto de vista da demanda, um indicador importante é o INEC (Índice Nacional de Expectativas dos Consumidores), elaborado através de entrevistas que apreendem a percepção dos consumidores acerca de suas condições financeiras e expectativas quanto ao desemprego, inflação e renda pessoal no futuro. O levantamento de abril indica uma queda do INEC para 48,40 no início de 2019. No entanto, sua intensidade é reduzida quando comparada à melhora nas expectativas dos consumidores que ocorreu no final de 2018, quando o índice passou de 40,30 em junho para 49,80 em dezembro. Dessa forma, a queda não é suficiente para afirmar que houve uma reversão de tendência.

Assim, os indicadores refletem uma situação de cautela dos empresários e dos consumidores. A queda na confiança verificada no ICEI possivelmente será refletida na continuidade da estagnação de contratações pelos empresários industriais, que optam por adiar o aumento na produção e investimento devido ao cenário de incerteza. Ao mesmo tempo, a população em geral, diante da perspectiva de manutenção das altas taxas de desemprego, não consegue alcançar um patamar de consumo mais elevado. Nesse sentido, a carência de oferta e de demanda possuem uma ligação estreita e dificultam a recuperação do PIB do país.

Fontes: Portal da Indústria e BTG Pactual.

Produzido por Guilherme Carvalho.

Belo Horizonte, 30 de maio de 2019.