Instabilidade e medo do desemprego

Instabilidade e medo do desemprego

O Índice de Medo de Desemprego é um indicador elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a partir de pesquisa de opinião pública que exprime o sentimento dos brasileiros sobre o desemprego. A pesquisa tem abrangência nacional e é realizada trimestralmente.

Após uma queda no começo de 2018, este índice passou de aproximadamente 64,0 para 67,9 no fim de junho, ultrapassando muito a média histórica de 49,6. Em contrapartida, a taxa de desocupação diminuiu. Essa taxa que era de mais de 13% nos dois primeiros meses de 2018 caiu para pouco menos de 12,5% ao final de junho.

Porém, devido à instabilidade política e econômica vivida nos últimos anos, parte dessa queda pode ser explicada pelo crescimento do trabalho informal e do número de desalentados. De acordo com o IBGE, enquanto o emprego formal mostrou uma queda de 1,5% nos últimos 12 meses, o emprego sem carteira assinada apresentou um aumento de 5,7%. Setores importantes para a economia brasileira, como o setor de serviços, não apresentaram aumento de empregados com carteira assinada. Apenas o setor público apresentou tal crescimento.

O desaquecimento de setores importantes em nossa economia traz consigo o aumento do pessimismo dos agentes no país, tanto empregadores como empregados. O setor de serviço teve, em maio, um índice de receita nominal 2,1% menor que no mês anterior. O comércio em maio também apresentou resultados ruins; o índice do volume de vendas no comércio varejista foi 1,2% menor que em abril, e o índice de receita nominal de vendas foi 0,2% menor que no mês anterior. Porém, em junho o varejo apresentou resultados positivos nesses dois indicadores. Essa instabilidade observada também contribui para o aumento do emprego informal nesses setores, sendo esse um dos principais fatores que causam a baixa confiança do empresário no país e, consequentemente, acarreta no medo do desemprego, principalmente para a população de menor nível de renda.

Belo Horizonte, 14 de agosto de 2018.