Agritechs brasileiras se destacam no universo da inovação
Duas startups brasileiras – uma delas mineira – são escolhidas pelo Fórum Econômico Mundial para participar de um dos mais importantes programas globais de incentivo à tecnologia
Publicado originalmente no Jornal Estado de Minas
São Paulo – A partir de setembro, duas startups brasileiras, a Agrosmart, que desenvolve tecnologias para o agronegócio, e a PlataformaVerde, voltada para o gerenciamento de resíduos sólidos, passam a fazer parte de um seleto grupo de empresas. As agritechs nacionais foram escolhidas pelo Fórum Econômico Mundial para integrar o Centro de Inovação e Empreendedorismo da entidade por um período de dois anos. Não se trata de um prêmio qualquer. Já passaram pelo programa empresas como Google, Airbnb, Mozilla, Spotify, Twitter e Wikimedia, gigantes que se tornaram referência no mundo da tecnologia.
Os chamados “Pioneiros Tecnológicos” de 2018, que serão apresentados no “Summer Davos”, evento programado para 18 a 20 de setembro, em Tianjin, na China, são mais diversificados que nas outras edições, tanto geograficamente como em termos de gênero. Neste ano, 23% das startups selecionadas são lideradas por mulheres e a maioria vem de regiões fora dos Estados Unidos e do Vale do Silício. Isso demonstra que existe uma preocupação do Fórum em mostrar a evolução que também está acontecendo fora dos locais mais conhecidos como produtores de tecnologia de ponta.
Também houve uma diversificação maior em termos de aplicação das tecnologias, com ênfase especial na indústria 4.0, além de inteligência artificial, Big Data, Internet das Coisas (IoT), agricultura vertical e digital, robótica, segurança cibernética e veículos autônomos, entre outras inovações que estão ganhando espaço na sociedade. Especial: Café, siderurgia e startups. 90 anos de economia em páginas de jornal
No caso da Agrosmart, liderada por uma jovem mineira de 27 anos, Mariana Vasconcelos, o diferencial está na criação e desenvolvimento de uma plataforma digital que está trazendo para a agricultura o conceito de cultivo inteligente e fazendas conectadas. Por meio dessa tecnologia, é possível monitorar em tempo real, e utilizando qualquer dispositivo móvel, mais de 14 variações ambientais, o que acaba ajudando o agricultor a tomar a melhor decisão e ser mais resiliente às mudanças climáticas. “Desenvolvemos um modelo agronômico customizado que é uma combinação de genética, clima e solo”, diz a CEO da empresa. “Baseados nesses fatores, ajudamos o produtor a tomar decisões.”
Para criar a empresa em 2013, Mariana, que é formada em administração de empresas e tem MBA em agronegócios na Esalq, a faculdade de agronomia da USP, se inspirou nas dificuldades que os pais enfrentavam para gerenciar uma pequena propriedade rural em Itajubá, no interior de Minas Gerais. Junto com o sócio Raphael Rizzi, começou a desenvolver a plataforma e o aplicativo para monitorar, por meio de vários sensores espalhados pelo terreno, as variações ambientais da região. Com essas informações, é possível montar um histórico on-line das situações climáticas (chuva, temperatura, umidade, vento) da fazenda para que o produtor possa tomar as decisões mais acertadas na hora de plantar e de colher.
Em 2015, um ano depois da fundação da empresa, a plataforma da Agrosmart estava completa e produzindo relatórios com as principais informações da propriedade. Por meio dos sensores e das imagens de satélite, foi possível interpretar, em tempo real, as necessidades da planta cultivada em relação à quantidade ideal de irrigação, além de indicações sobre a propensão de pragas e doenças que ameaçam a lavoura.
Entre 2014 e 2017, a startup captou R$ 10 milhões em investimentos. Boa parte dessa quantia veio de aportes da SP Venture e grupos de investidores, o que acelerou o crescimento de suas receitas. Em 2017, o faturamento da empresa aumentou 1.043% em relação a 2016, e o número de colaboradores saiu de 12 para 50.
Resíduos
A PlataformaVerde vive momento semelhante. A empresa levou quatro anos para aprimorar seu sistema, que utiliza conceitos de tecnologia disruptiva para a gestão de resíduos sólidos em empresas comerciais e industriais, com estruturas baseadas em internet das coisas, inteligência artificial, computação em nuvem e blockchain.
Fonte: https://www.em.com.br